Páginas

terça-feira, 6 de novembro de 2012

24 - Contos Duzara

   Pois é minha gentem, Zara retornando com suas postagens, peço desculpa pela ausência, pela falta de posts, falta de criatividade, falta de graça, falta de um monte de coisa! Mas agora tudo será recompensado, tudo sera perdoado, tudo sera esquecido PORQUE É HORA DA RETRIBUIÇÃO! [ta chega desse papo].
   Como todos sabem, fim de ano é aquela coisa, corre pra lá, recupera nota daqui, estuda dali. Mas, assim que tudo isso passa, sempre chega as férias lindas maravilhosas, cheias de graça para nos salvar. E como sempre, eu Zaramet, tenho um cronograma muito lindo e tals, muito programado. Onde todos os dias eu vou fazer várias coisas tipo: NADA, e é ai nesse nada que eu vou aproveitar meu tempo pra postar aqui, para tentar salvar essa blogosfera perdida e também pra ganhar toda aquela fama que eu tinha anteriormente. É, eu sei que eu consigo porque eu sou muito foda, sou ZARA!  Enfim, fiquem agora com o novo quadro do blog "Contos Duzara" é vou dar uma de Medob, vou ficar criando meus contos e creppypastas sempre foi uma coisa que me fascinou deveras, mas eu nunca tive tempo suficiente para escrever qualquer coisa do tipo. MAS AGORA HÁ! [para de gritar zara, okay ] kk Então fiquem agora com essa história de merda maluca, conspiratória, que conta a relatividade de um outro mundo, e qual seria a possível razão de nós possuirmos nossas fobias, boa leitura.


                                                                   WORLD OF FEAR 

Acordei me sentido muito estranho... Parecia que minha visão estava aumentada em dez vezes, eu podia ouvir meu coração bater... Muito alto, sentia como se estivesse tendo uma overdose de ECSTASY. Os meus ombros estavam pesados e doloridos, como se me puxassem pra baixo, me levantei com muita dificuldade e fiquei sentado em minha cama. Ao recobrar meus sentidos, (que pareciam
agora muito mais aguçados) observei o cenário ao meu redor. Parecia tão familiar, mas ao mesmo tempo tão estranho e desconhecido. Após analisar o tamanho do local onde me encontrava, as posições dos moveis, o ângulo torto da porta e as roupas desajeitadas em cima da cadeira me dei conta que estava no meu quarto, mas o que era aquilo nas paredes, no chão, no teto e até na minha própria cama? Ferrugem ou tinta? Nenhum dos dois. Era sangue seco, um sangue tão denso e tinto, inconfundível, sangue humano.
Levantei-me aos berros e percebi que até eu estava encharcado de sangue, mas que merda aconteceu ali? Aquela era minha casa? O que havia acontecido? Não me lembrava... Não lembrava mesmo, minha cabeça apenas doía, latejava como se estivesse sendo pressionada. Minha respiração estava ofegante. Alias aquele era eu? Ou melhor, quem era “eu”? Sai da cama e procurei pelo espelho mais próximo, que como de costume se encontrava bem no canto direito do quarto, no lado do armário, quase despercebido. A única diferença da habitual era por ele estar todo quebrado, muitos de seus pedaços encontravam-se no chão em cacos e ele estava igualmente pintado de vermelho... Aquela situação macabra já estava me dando nos nervos.
No entanto ao me aproximar do espelho, percebo que minha cara estava pálida, chupada e cheia de veias, é como se aquele não fosse eu, apenas uma cópia ou uma versão tenebrosa de mim mesmo, algo do tipo. Porém, foi quando eu vi aquele sorriso sangrento se abrindo atrás de meu pescoço que eu realmente gelei a espinha, e por falta de equilíbrio cai com tudo no chão, foi um susto e tanto. Acabei ralando em cima de alguns cacos e me cortei, ao olhar para o chão avistei novamente no reflexo dos cacos, o que seria uma espécie de “gárgula”, em cima de meus ombros, um estereótipo de demônio, ele possuía duas asas com envergaduras enormes, eram sombrias, mas parecia que ele não estava nem um pouco a fim de usa-las, seus dedos eram meio humanoides, meio garras e começaram a flexionar e a rasgar a minha clavícula. Sincronizado com meu grito de dor, a criatura largou uma incrível gargalhada que ecoou por todo quarto, e após girar sua cabeça em 360º graus, olhou em minha direção dizendo:
- Bem vindo de volta, mortal! – disse como se já me conhecesse há tempos.
- Que diabo é você? – eu gritei assustado enquanto tentava socar a criatura descontroladamente.
- Não adianta é inútil, você não pode me acertar, eu não sou real, aliás, esse mundo não é real, nada é real! Ou será que é? HAHAHAHA- a criatura ria descontroladamente.
- Do que está falando? Onde estou? O que aconteceu com minha casa? – indaguei confuso.
- Não adianta é inútil tentar compreender, nem eu sei, não sei quem sou nem onde estou apenas aqui permaneço esperando sua volta todos os dias. – afirmou.
- Argh, minha cabeça doí, eu morri? Ou estou em algum tipo de sonho? Só pode ser um pesadelo! – resmunguei baixinho.
- Não adianta, é inútil se perguntar essas coisas, mas se isso te servir de consolo... Você não está morto, não ainda... – disse como se escondesse algo.
- O que? Mas que bosta você quer dizer com isso? - perguntei assustado.
- Não adianta, é inútil tentar evitar... A sua alma já morreu nove mil oitocentas e cinquenta e cinco vezes. E está prestes a morre novamente, do mesmo jeito que as outras... Apenas aceite seu destino! -
- Que destino? Que conversa é essa? Aqui é o inferno por acaso?...
-... Disto, nem eu tenho certeza. – Respondeu seriamente.
Imediatamente a criatura se dissipou no ar como mágica e desapareceu, deixando somente eu, e a escuridão do meu quarto. Então eu corri para perto de onde acordei e me agachei, forcei a vista para o fundo da cama e encontrei o que procurava, saquei o objeto que estava fielmente guardado embaixo de uma das tábuas, e ao limpar um pouco e tirar o excesso de pó, saquei da bainha, uma machete, era a primeira coisa sem sangue daquele local. Fiquei agachado no canto da parede tremelicando, e batendo o pé enquanto tentava raciocinar e entender o que estava se passando ali, ou pelo menos tentava aquietar meu coração que não parava de bater. “TUM... TUM.... TUM”. Ele batia como se soubesse o que estava por vir.
Quanto tempo fiquei agachado ali? Segundos, minutos, horas, dias ou semanas talvez? Não sei, só sei que foi tempo demais para alguém humano, eu não sentia sede ou fome, nem tristeza ou ódio, nem cansaço ou tédio, nada carnal. Apenas uma coceira imensa na minha alma, uma inquietude no meu ser, algo que dizia que eu deveria sair dali e ir vasculhar aquele lugar.
Ao me levantar senti uma nostalgia, era como se eu tivesse uma dupla personalidade, como se eu já soubesse o que iria acontecer e ao mesmo tempo não fizesse ideia do que viria a seguir. Então olhei pela janela do quarto e não vi nada, tentei abri-la, quebra-la e nada, é como se realmente as coisas ali fossem indestrutíveis. Eu só conseguia ver um breu, um escuro enorme, como se do lado de fora não existisse nada além do vazio. Foi quando perguntei em voz alta: “Quanto tempo isso ainda vai durar meu Deus?”. Ao que uma voz respondeu no meu ouvido:
- A eternidade... kikiki! – foi quando novamente o sorriso daquela gárgula se formou sobre o vidro da janela – Olá, e aí? Já decidiu morrer logo de uma vez? Vamos! Seu “outro eu” precisa chegar, é um ciclo.
- Ah você de novo não... Mas o que eu tenho que fazer? –
- Que tal começar abrindo aquela porta lá? E se dirigir para o local do sacrifício?
- O que? Sa-sa- sacrifício? – disse desesperado
- Sim, seu auto sacrifício... – a gárgula disse concluindo.
- Mas eu não quero morrer, não aqui, não desse jeito... Eu nunca vou ter coragem pra tirar minha própria vida.
- Acredite você não precisa de coragem você já fez isso antes, um monte de vezes! Não é agora que vai deixar de fazer...
- Então porque você não me deixa em paz de uma vez? E deixe que eu faça! Afinal eu já fiz isso antes certo? Não preciso de alguém confundindo minha mente e me dizendo o que devo, ou não fazer...
- Não sou eu que decido quando apareço... É você indiretamente! Você e sua maldita indecisão, você ainda é tão humano... Acredito que vá viver bastante no seu outro mundo.
- Do que está falando? Você não disse que não sabia de nada? Você mentiu para mim?
- Não, de maneira alguma, você que não fez a pergunta certa.
- Ok, e o que tem atrás daquela porta então?
- Medo...
- Medo? Como assim?
- O seu medo.
- Mas... Qual medo? Eu não sei que tipo de medo você está me tentando dizer...
- Tudo aqui esta repleto de Medo, do seu medo! Aqui dentro de uma forma fraca, quase invariável, mas existe, e lá fora de forma total. Para alguns este lugar pode ser chamado de: pesadelo, alucinação, até mesmo de inferno. Mas eu particularmente gosto de chama-lo de Mundo do Medo...
- O que quer dizer com isso? Então estou em outro mundo agora? Eu estou vivo no meu mundo? O que você quis dizer com “morrer mais de nove mil vezes”... E de “auto sacrifícios” e...
- Chega, é inútil, não tem sentido eu te passar essas informações.
- Porque não? ...
- Porque você nunca se lembra de nada do que aconteceu, ou do que foi dito aqui... – ao dizer estas palavras à criatura novamente abandonou o local, me deixando mais confuso do que anteriormente.
Desta vez foi muito pior que a outra, além de eu estar indeciso sobre o que fazer parecia que meu coração havia paralisado por um longo tempo, enquanto eu observava aquela janela. Lá fora estava escuro, nebuloso, amedrontador. Foi quando eu de repente ouvi um ruído, que começou bem de leve, até ir aumentando aos poucos e se transformou num estalo, depois em uma explosão, a única luz fraca, que trazia um pouco de quietude pro meu coração e que diferenciava o quarto de onde me encontrava da escuridão lá fora, acabava de se estilhaçar atrás de mim.
Quando eu ouvi o barulho e comecei a ver as coisas ficando escuras, o quarto se degradando, as cores sendo fumadas aos poucos, e eu perdendo a noção dos objetos, foi como se meu coração começasse a bater novamente forte, muito forte como no inicio, porém com mais intensidade. A minha primeira reação foi correr para a porta torta do outro lado do quarto e abri-la, eu pestanejei um pouco, mas nada poderia ser pior do que a escuridão que eu ia ter que enfrentar ali naquele quarto, sozinho. Eu finalmente entendi o que ele quis dizer com “o meu medo”. Meu absoluto medo de escuro.
Então eu saí daquele quarto fechei os olhos, e também a porta torta com tudo, atrás de mim, fiquei alguns segundos ali, com medo de abrir os olhos e ver qualquer coisa assustadora o bastante para me fazer cometer suicídio. Então permaneci ali, escorado na porta, por alguns minutos, o medo foi tão intenso que eu cheguei a ouvir a voz da gárgula mais uma vez:
- “Assim não progredimos, tolo mortal”... –
- Chega dessa droga! O que tem nessa sala? – perguntei revoltado.
..... Nenhuma resposta.
-Diga! Hei! Tem alguém ai?... Alguém? ...
Ergui minha cabeça, fiz uma oração... Não que isso fosse me salvar do que quer que seja, mas era questão de prevenção. Então decidi abrir os olhos demorei alguns segundos e nada, é como se continuassem fechados, por um momento pensei que havia ficado cego.
Porém após um segundo de reflexão, me venho na cabeça a ideia do puro desespero, o que tinha fora daquele quarto era somente isto. Escuridão, nenhum lugar pra ir, nem para encostar, nem para provar, nem para cheirar ou ver, fui privado de quase todos os sentidos. Mas eu ainda podia ouvir minha respiração, o bater do meu coração e os meus pensamentos quase em voz alta. Foi quando comecei a ouvir, murmúrios de línguas estranhas, e comecei a temer o escuro, eu via imagens aterrorizadoras no meio daquelas trevas, e eu comecei a correr sem saber aonde ir. Corri, corri sem nunca chegar a uma parede, ou qualquer coisa que me desse uma ideia de tamanho. Fui perseguido por todos aqueles sons horríveis que só iam aumentando juntamente com os meus passos, e as risadas diabólicas começavam a me agoniar, elas desejavam a minha morte, clamavam pelo sacrifício, elas queriam ver sangue, mesmo que fosse impossível ver algo naquele escuro todo, eu tentava desferir golpes no ar com a Machete que ainda encontrava-se em minhas mãos, mas isso só piorava. Elas percebiam meu desespero e sabiam que eu nunca conseguiria acalmar a minha alma daquele jeito, aquilo estava incontrolável de se aguentar.
Eu poderia chorar e me borrar de medo se eu ainda sentisse esse tipo de emoção carnal, mas tudo que eu sentia era o puro e completo terror, tragado da mais profunda escuridão, meu corpo se envolvia em desespero, meus olhos procuravam o que não podiam ver, eu não aguentava mais aquilo, havia chegado a hora e eu precisava fazer, o que a gárgula esperava que eu fizesse, eu parei de correr, hesitei por um segundo, e as vozes todas pararam, as miragens sumiram. Era só eu mais uma vez. Eu e a escuridão, era hora de dar um fim naquele pesadelo terrível, levantei meus dois braços e enfiei a lâmina no meu peito, bem próximo do meu coração, fiquei alguns segundos de pé, enquanto sentia alguma coisa sendo puxada de mim, talvez fosse só o sangue jorrando mesmo, ou talvez pudesse ser mais uma emoção humana sendo retirada de minha existência. Seria aquilo uma espécie de Nirvana? O que importa saber? Como foi dito antes: “Você nunca se lembra de nada que aconteceu, ou do que foi dito aqui...”.
Eu acordei assustado, quase pulando da cama, estava suando frio e eram duas da madrugada. Não faço ideia do que aconteceu com meu corpo, era um dia quente de verão, época de férias, mas meu corpo estava gelado como se estivéssemos em julho. Não lembro o que sonhei, mas com certeza coisa boa não foi, ouvi um ruído e assustado olhei ao redor do meu quarto, era apenas a TV que estava ligada, tirei ela da tomada, observei pelo reflexo da mesma, que eu estava usando cinta apertada. Talvez pudesse ter ocorrido um problema de circulação enquanto eu dormia, é talvez tenha sido só isso. Fui até o armário e a guardei, quando fechei o armário quase levei um susto, observei lentamente aquilo que se formou atrás da porta, era o meu reflexo no espelho, dei uma boa encarada até meus olhos se acostumarem com a imagem, estranhei o fato dos meus ombros estarem cheios de marca, talvez eu ande me arranhando enquanto durmo. Esfreguei os meus olhos e deitei, fiquei encarando o teto até dormir, para evitar ficar olhando os móveis do meu quarto. Até hoje não sei por que tenho esse medo terrível do escuro.